segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Máquina-homem

day one hundred and eight. | Flickr: Intercambio de fotos

 Não, não, você não merece. Não merece sequer uma dessas lágrimas que eu derramei e estou derramando enquanto não secam. Você me fez acreditar que era importante e agora só o que parece importar é uma solução pra sair desse labirinto, solução que eu não encontro.
 Todos, todos vocês só sabem brincar, mas talvez a errada seja eu, e talvez o erro seja dar valor á coisas sem importância, o valor tirado das coisas e pessoas que o merecem pra ser entregue ao nada. Nada, nada, vocês são nada, mas conseguem ser tudo quando outra vez eu me recolho ao lençol e as almofadas, e meu mundo se pinta de branco.
 É engraçado de verdade como meu cérebro consegue entrar em modo de espera quando vocês sobrecarregam minha memória interna com lembranças e desejos confusos, Pensamentos inconclusos, como se meu processador já não fosse lento o suficiente. Eu nem consigo instalar um photoshop pra disfarçar os erros das minhas imagens mentais! Eu que não sou atual, eu que não sou portátil, eu que não sou descartável como tudo é hoje, mas de idiota acabo tentando ser (e outra vez o erro está em mim).
 De repente me recordo da solução, mas então minha língua some, minha mente some, minha racionalidade some e contatar o Técnico se torna cada vez mais difícil... Eu começo a pensar que não vale a pena pra uma máquina velha e inútil como eu, que foi feita ontem, mas já está ultrapassada.
 A esperança pois, não habita em mim, mas no grande Técnico da máquina-homem, que no amor ao seu emprego tão mal pago, ouve as engrenagens ruindo e gentilmente cobre-nos de óleo sem cobrar.

- Ariel Almeida

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