sábado, 13 de junho de 2015

Só mais um pouco





Apertou os olhos, enrugando o rosto. Não queria chorar. A vida andava difícil, mas suas lágrimas eram preciosas demais pra desperdiçar com poucas coisas. Na verdade nem eram poucas, mas preferia pensar que eram. Um dia de cada vez. Inspira, 1 segundo, 2 litros, 3 metros, 4 quilos, expira. Não conhecia o ser do outro lado do espelho, mas não era o fim do mundo, certo? Não conseguia conter os próprios impulsos, mas ainda havia amanhã, não era? Levava os problemas do mundo inteiro nas costas, mas se até agora pôde sobreviver, sobreviveria mais um pouco. Deus não a desamparou em momento algum. Desampararam-lhe os livros, as maquiagens, a paciência, mas Deus não. Deus continuava a lhe dizer: Só mais um pouco.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Mais um velho poema




Mordo o lápis ao acaso. 
Cruzo as linhas, monto laço. 
Traço o traço, traço á traço, 
Dou o melhor de mim. 

Pra quê entender os poemas amargurados, 
Se nem a bomba de Hiroshima
Supera, na dor de nossos calos?

Nada funciona, ao acaso.
Sem sentido, monto o laço.
Analiso, traço a traço...
Se nem a morte é o fim

Pingam os pingos, deslumbrados
Com o imóvel mausoléu lustrado
Pelas lágrimas sobre seu marfim.

By Ariel Almeida







(Meio desconexo, mas eu gostei. Achei nos CDs antigos. Se não me falha a memória, me inspirei em poemas do Mario Quintana ♥)